Mundo está cada vez mais longe de respeitar Acordo de Paris; entenda

Desde junho, o Copernicus tem reportado todos os meses novos recordes de temperaturas: foram os meses de julho, agosto, setembro e agora outubro os mais quentes de todos os tempos. Muitos países europeus e a América do Norte tiveram de enfrentar neste ano novamente um calor recorde e incêndios florestais.
É quase certo que novembro e dezembro de 2023 baterão novamente recordes de temperatura. E não só no ar: também na temperatura da superfície do mar foram registrados valores recordes este ano.Podemos dizer com razoável certeza que 2023 será o ano mais quente já registrado, atualmente 1,43°C acima da média pré-industrial. Samantha Burgess, vice-diretora do C3S
Nível recorde de emissões
Para o diretor do Copernicus, Carlo Buontempo, está claro: "Os recordes de temperatura deste ano soam um alarme". Segundo ele, para mitigar os perigos de um mundo em aquecimento, os gases de efeito estufa teriam de ser drasticamente reduzidos —e "muito, muito rapidamente"."Temos de fazer melhor uso do conhecimento existente e adaptar não só as políticas, mas também os nossos próprios hábitos e comportamento para essa necessidade", disse Buontempo, em entrevista à DW.El Niño não é o único responsável
Outro agravante em 2023 foi o El Niño, fenômeno climático recorrente que aquece as águas superficiais no Pacífico Equatorial.Apesar disso, os recordes de temperatura deste ano não podem ser explicados apenas por esse evento climático, destaca o diretor do Copernicus."Apenas alguns dos sinais de temperatura vêm da região do El Niño, mas a maioria vem de regiões completamente diferentes", explica Buontempo. "O que aconteceu este ano no Canadá, nos EUA ou na Europa não tem nada a ver com o El Niño, mas com as alterações climáticas provocadas pelo homem."
Meta de 1,5°C provavelmente impossível
O aquecimento de 1,43°C em relação aos tempos pré-industriais previsto para 2023 não significa, porém, que o limite de 1,5°C acordado no Acordo Climático de Paris será ultrapassado em breve, explica Buontempo.No entanto, é quase certo que isso ocorrerá, o mais tardar, em meados da década de 2030. "A discussão agora gira mais em torno de como podemos voltar a ficar abaixo desse valor no futuro", destaca.Com um aquecimento global médio superior a 1,5°C, existe o risco de consequências extremas em muitas áreas. Por exemplo, o número de mortes causadas pelo calor aumentaria 370% até 2050 —mesmo que a elevação da temperatura média global permanecesse ligeiramente abaixo dos 2°C. Cientistas internacionais apontam isto num novo estudo publicado na revista The Lancet.
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